domingo, 31 de maio de 2009

Uma outra galáxia


- Tchau. Até amanhã.
- Tchau... Até amanhã?
- É... Ah, não. A gente não estuda mais junto. Tinha me esquecido.
- Hah! É, eu também esqueço às vezes...
- Como tá a faculdade?
- Normal. Tenho um trabalho pra amanhã.
- Ué? Deu pra estudar agora?
- Vida de vagabundo um dia acaba. Faculdade tem que levar a sério. Mas e o pré-vest?
- Ta indo. To estudando bastante também... Então, vou nessa.
- É, eu também.
- Até algum dia então, né
- Até.


Pois é, este diálogo foi totalmente inventado por mim, mas foi inspirado em várias conversas minhas com meus amigos este ano. O terceiro ano acaba e toda a convivência com eles termina, ou se reduz muito. A gente até esquece que na segunda não vai acordar cedo ir pra escola e vê-los novamente. Alguns na faculdade, outros no pré vestibular, muitos trabalhando. Seria muita pretensão minha conseguir postar aqui todas as minhas histórias e descrever todo o meu sentimento.

Minhas aventuras cefetianas começaram em 2006. Minha rotina era me surpreender todos os dias. Um verdadeiro universo que encontrei. Cheio. Cheio de gente, cheio de histórias, cheio de loucos. A principio você sempre acha que está no lugar errado. Seja pelas pessoas, seja pelo curso técnico, seja pelo lugar mesmo. Nunca sabia onde era tal bloco, ou tal prédio. Típica caloura. Depois passei a andar em bando. Tudo era mágico. O bosque. O bloco E. “Eu posso mesmo sair da aula se eu quiser?” “Ei onde está o boletim?” E por ai vai. Perguntas que só se respondiam com a vivência naquele semi- Éden. Lidar com a liberdade e com a responsabilidade é fator primordial no primeiro ano. Ser livre parece ser tão novo que muitos acabam se perdendo. Se perdendo das notas, das matérias, dos trabalhos.

As piadas mais engraçadas, na minha opinião, são as internas. Aquelas que só existem porque entre você e alguém existe um código, um fato que ocorreu no qual estavam juntos. E quantas vezes me pego no curso (pré-vest) soltando uma dessas? Todos me olham com caras estranhas “do que ela está falando?” Imediatamente mudo de assunto, pois lembro que ali não é o CEFET, e aqueles mal sabem do contexto daquela piada. Fora as vezes em que, diante de uma situação, penso: “Ah se o fulano estivesse aqui ele diria isso. Se o siclaninho estivesse aqui, também, diria aquilo...” Quando se convive muito tempo com alguém ou pessoas que se goste, parece que uma identidade entre elas se forma. Olhares, gestos. Pra que palavras?

Fala um pouquinho aqui. Lembra de uma história ali. A saudade é assim. Começa devagar. Nem se percebe. Quando vê, a nostalgia se alastrou. Revê-los num sábado no aniversário de um deles foi quase o mesmo que rever a família. Não precisamos dizer que nos amamos o tempo todo. Está subentendido nos abraços e até nas piadas internas. “Pega o violão, vamos cantar.” “Los hermanos?” Apesar de meses um tanto afastados, nossa amizade continua sendo como um universo mesmo. Continua a se expandir a cada dia. Novas descobertas são feitas. Mudamos juntos. E como disse no discurso da colação, hoje não é a Ingrid que vos fala, mas sim a Ingrid, a Anna, o Marcos, o Pedrinho, o Ricardo, o Leon, o Michel... Sem contar os professores. Os amigos mais velhos. As aves que planam tão lindas no céu e nos inspiram a voar tão alto quanto elas. Uns se esforçavam pra que acreditássemos na nossa glória. Outros na nossa desgraça. Todos admiráveis. Dignos de serem lembrados.

É, eu sei. Está super nostálgico esse texto. Mas a nostalgia é a maior inspiradora do meu mundo das idéias. Esses tempos ficaram pra sempre na minha memória. Tempos de alegrias, tristezas, desesperos, gargalhadas de bar e, claro, aprendizado.

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. AHHHH Saudades

    Oh, pedaço de mim
    Oh, metade afastada de mim
    Leva o teu olhar
    Que a saudade é o pior tormento
    É pior do que o esquecimento
    É pior do que se entrevar

    Oh, pedaço de mim
    Oh, metade exilada de mim
    Leva os teus sinais
    Que a saudade dói como um barco
    Que aos poucos descreve um arco
    E evita atracar no cais

    Oh, pedaço de mim
    Oh, metade arrancada de mim
    Leva o vulto teu
    Que a saudade é o revés de um parto
    A saudade é arrumar o quarto
    Do filho que já morreu

    Oh, pedaço de mim
    Oh, metade amputada de mim
    Leva o que há de ti
    Que a saudade dói latejada
    É assim como uma fisgada
    No membro que já perdi

    Oh, pedaço de mim
    Oh, metade adorada de mim
    Leva os olhos meus
    Que a saudade é o pior castigo
    E eu não quero levar comigo
    A mortalha do amor
    Adeus

    Chico Buarque disse adeus, mas eu vos digo:
    - Ate logo, e voltem sempre!

    ResponderExcluir
  3. É, Dona Ingrid, mais um belíssimo texto cheio de sentimentos. E olha que a vida está apenas começando, hein?!?

    ;-)

    Grande beijo

    ResponderExcluir
  4. Oi Ingrid,
    Adorei o texto. Pode ter certeza que todos nós sentimos falta desta época que para você foi ontem e que para mim foi anteontem.

    Alguns amigos ficam, outros nós perdemos para a vida, infelizmente. Alguns reaparecem tempos depois e não vão mais embora, outros te visitam diariamente no ORKUT, comentam o seu blog, etc. Tem de tudo.

    E tem aquele que você tem certeza que não pode sair da sua vida nunca mais; daí você casa com ele e tem logo 3 filhos.

    Beijos

    ResponderExcluir
  5. Hoje você tem telefone fixo,celular,e-mail,orkut,blog e sei lá mais o que,tudo como se fôsse quase impossível perder o contato com aqueles que prazerosamente passamos a conviver diariamente dentro da nossa fase de evolução.
    Um dos meus melhores amigos também é do CEFET,mas infelizmente pela falta da tecnologia da informação da época,época essa que praticamente era quase impossível ter um telefone fixo e celular e internet nem coisa de ficção era ainda,perdi todos os contatos do CP II,CEFET e PUC o que dá para você imaginar,baseado em seu ótimo texto o quanto me dói não ter aquele comentário naquele exato momento daquele colega que como por mágica sabia colocá-lo.
    Te recomendo, se um dia voltar ao cartaz,a peça "A aurora da minha vida" de Naum Alves de Souza. Ela traz um pouquinho desse universo que você já está sentindo saudade.

    ResponderExcluir
  6. Olha meu pai fazendo presença no seu blog. Aliás nem precisava ler mais da primeira linha pra saber que era ele. Freaky, né? Piadas internas são as piores quando ngm que conhece está ali. Mas eu não sinto falta do meu segundo grau não. Tô gostando mais da faculdade.

    ResponderExcluir
  7. Faço das tuas saudades as minha, só que redirecionadas...
    Gostei do texto, é bem como acontece, na verdade é a mais pura realidade...
    O diálogo... Viu como diálogos são propícios? Divergências ou convergências a parte...
    Se eu posso lançar um livro, tu pode lançar 10 volumes da vida como ela é e olha que muita gente se surpreenderia com os fatos corriqueiros que você coloca de uma forma descontraída, apesar de ser a maioria problemas recorrentes do dia-a-dia.
    Beijo!

    ResponderExcluir

Powered By Blogger