sábado, 26 de setembro de 2009

STOP! O mundo parou, ou meu celular sumiu?


11 de Setembro

Perdi meu celular. Puts! Não acredito. Deixei la no curso, tava em cima da cadeira. Foi depois que eu atendi o... o... Com quem mesmo que eu tinha falado? Sei lá. Que horas tem? Onze da noite. Droga, essa hora o curso já fechou. Boa, Ingrid, esquecer o celular no curso na sexta-feira depois da última aula. Parabéns pra mim! O jeito é ligar pra ele, será que alguém pegou? Chama chama e ninguém atende, mas que droga! Peraí, droga não, deve ter ficado na sala mesmo, o inspetor trancou a sala e nem deve ter visto. Amanhã tem simulado. Vou lá cedo, antes que alguém veja e pegue. E agora? Conto ou não conto pra minha mãe? “ Mãe perdi meu celular, no curso...” Claro que não! Preciso de um tom que está tudo sobre controle. “Mãe, olha só, meu celular ficou no curso, mas eu não perdi não, amanhã eu vou buscar ele...” Isso! Assim ela não fica tão nervosa. E se ela quiser me matar? Ai tudo bem. Não precisa de celular no céu. Qualquer coisa eu vou numa sessão espírita e dou comunicação...

12 de Setembro

curso pela manhã:
- Oi, tio, ontem a noite quando o senhor fechou a sala, você viu um celular?
- Ontem? Ah! Vi sim! Era assado assim?
- Não, era assim e assado.
- Ah então não vi não.
-Sabe alguém que tenha visto? Posso ir la na sala procurar?...
E nada. Nadica de nada. Levaram? Será que levaram pra sempre mesmo? Vou ligar pra ele de novo. “O número para o qual você ligou encontra-se desligado ou fora da área de cobertura...” Mas quem diabos inventou de colocar essa vozinha quando o celular está desligado? Não tem coisa mais agonizante. Não podia ser o puro e simples “tu tu tu tu tu...” ou “acabou a bateria, quando carregar ele te liga” ou “ Mais tarde ele te liga” Já dava uma tranqüilizada, mesmo que ninguém ligasse.

- Olha, filha, o jeito é você voltar aqui na segunda, perguntar a quem estava na sala na sexta e confiar na honestidade das pessoas.

Confiar na honestidade das pessoas. Confiar. Honestidade. Pessoas. Não tava conseguindo juntar as três palavras. Mas porque não? Se fosse você que achasse o celular? Você devolveria? Claro! O celular não é meu. Mas nem todo mundo pensa assim né. A esperança agora é a segunda. Segunda-feira. Eu vou achar. Ah! Claro que vou. Ou não vou? Pô, mas foi tão caro. Oh! Céus! Não consigo pensar em outra coisa. E esse fim de semana que não passa, ein...


14 de Setembro
Ah! Finalmente! Segunda. Melhor ainda: já está de noite. Hora de ir pro curso.
- oi, tudo bem? Olha só, na sexta, por acaso você viu um celular por aqui ali no chão, ele era assim e assado...
- Ih, menina, não vi não.
- Gente, alguém viu?
É, perdi. Perdi mesmo. Ah, não queria chorar, mas não to me controlando. É só um celular. Mas era meu. Depois eu compro outro. É, com que dinheiro? O jeito é ficar com esse que minha mãe me emprestou. Ela não pode ficar sem falar comigo durante o dia. Por sinal ela ta me ligando agora. Deve está querendo saber se eu achei o meu. Melhor nem atender, se não ela vai perceber que eu to chorando.

Caramba, ela ta insistindo. To no meio da aula. Ta bom. Vou sair e atender. Pode ser alguém que queira falar com ela, algum amigo, afinal esse número é dela mesmo. “chamada a cobrar para aceita-lá...” Chamada a cobrar? Ah! Ta de brincadeira. Que amigos são esses da minha mãe, ein. E não para de insistir. Quer saber? Vou ligar de volta.

- Alô, quem é?
- Então, você tava ligando pra esse número a pouco tempo... quem ta falando?
- Qual é o seu nome?
- Você por acaso estava ligando pra Ellen?
- Ellen, você estuda no curso Bla bla bla?
- Sim, eu sim. A Ellen não.
- Peraí, quem ta falando?
- Aqui é a Ingrid, que estuda no Bla bla bla e é filha da Ellen. É que esse telefone é dela.
- Ah sim. Aqui é o coordenador do curso da manhã. Então, é que foi encontrado um celular ai no curso no sábado... por acaso é seu?
-SIM SIM... EU PERDI UM CELULAR!!
-Ele é assim assado refogado?
- É ELE MESMOOO!!! AAAHH! QUE BOM QUE BOM!!!
- Amanhã você passa ai no curso de manhã e pega ele.
- Ah pode deixar!! Mas quem encontrou?
- Olha foi um menino da turma do preparatório pra EsPCEx e ele queria te pedir desculpas...
-Ora, mas por quê?
- Porque ele usou seu telefone para fazer uma ligação.
- Ah tudo bem...


E lá fui eu ao encontro do bendito. E dessa vez não estou falando do aparelho. Recuperei, mas não consegui agradecer ao menino. Ele não tinha ido a aula naquele dia. Passei a ir todos os dias no horário das aulas da EsPCEx, mas o “salvador” nunca estava presente, ou chegava atrasado quando eu já tinha ido embora.

Essa semana eu passei lá e o expetor me disse que as aulas do pré militar acabaram e que o rapaz não iria mais ao curso. Eu fiquei muito reflexiva. Ele podia ter levado pra ele o celular, ninguém ia saber. Não. Não o fez. Ainda pediu desculpas por causa de uma única ligação que fez sem que eu autorizasse.

Confiar. Honestidade. Pessoas. Ainda existem. Ainda existem pessoas honestas. E talvez a dificuldade de encontra-las seja porque estamos tão desacreditados do mundo, achando que nada mais tem jeito, que nem percebemos que ainda há pessoas legais. Pessoas que se preocupam se uma coisa encontrada é delas ou não é e quais medidas devem ser tomadas.

Eu ainda não consegui falar pessoalmente com o menino. Só pelo orkut. Uma pessoa aparentemente simples, mas com uma atitude exemplar. Agradeço de coração ao Bruno.
Não só por ter me devolvido, mas por me fazer perceber que o mundo não está perdido, é nos pequenos detalhes que se faz a diferença...

Calma, não fui abdusida!

Olá pessoal.
Primeiro de tudo: Mil desculpas pela demora por uma nova postagem.
Mas com um tecnico, um pre-vestibular, um estágio e um computador com defeito (estou numa lan house...!) fica complicado passar por aqui...
Mas fiquem tranquilos, tenho novidade: todo quarto sábado ou domingo eu estarei postando por aqui, faça chuva ou faça sol!!
Obrigada pelas visitas e mais uma vez desculpem minha ausencia.
beijinhos a todos
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