
- Tchau. Até amanhã.
- Tchau... Até amanhã?
- É... Ah, não. A gente não estuda mais junto. Tinha me esquecido.
- Hah! É, eu também esqueço às vezes...
- Como tá a faculdade?
- Normal. Tenho um trabalho pra amanhã.
- Ué? Deu pra estudar agora?
- Vida de vagabundo um dia acaba. Faculdade tem que levar a sério. Mas e o pré-vest?
- Ta indo. To estudando bastante também... Então, vou nessa.
- É, eu também.
- Até algum dia então, né
- Até.
Pois é, este diálogo foi totalmente inventado por mim, mas foi inspirado em várias conversas minhas com meus amigos este ano. O terceiro ano acaba e toda a convivência com eles termina, ou se reduz muito. A gente até esquece que na segunda não vai acordar cedo ir pra escola e vê-los novamente. Alguns na faculdade, outros no pré vestibular, muitos trabalhando. Seria muita pretensão minha conseguir postar aqui todas as minhas histórias e descrever todo o meu sentimento.
Minhas aventuras cefetianas começaram em 2006. Minha rotina era me surpreender todos os dias. Um verdadeiro universo que encontrei. Cheio. Cheio de gente, cheio de histórias, cheio de loucos. A principio você sempre acha que está no lugar errado. Seja pelas pessoas, seja pelo curso técnico, seja pelo lugar mesmo. Nunca sabia onde era tal bloco, ou tal prédio. Típica caloura. Depois passei a andar em bando. Tudo era mágico. O bosque. O bloco E. “Eu posso mesmo sair da aula se eu quiser?” “Ei onde está o boletim?” E por ai vai. Perguntas que só se respondiam com a vivência naquele semi- Éden. Lidar com a liberdade e com a responsabilidade é fator primordial no primeiro ano. Ser livre parece ser tão novo que muitos acabam se perdendo. Se perdendo das notas, das matérias, dos trabalhos.
As piadas mais engraçadas, na minha opinião, são as internas. Aquelas que só existem porque entre você e alguém existe um código, um fato que ocorreu no qual estavam juntos. E quantas vezes me pego no curso (pré-vest) soltando uma dessas? Todos me olham com caras estranhas “do que ela está falando?” Imediatamente mudo de assunto, pois lembro que ali não é o CEFET, e aqueles mal sabem do contexto daquela piada. Fora as vezes em que, diante de uma situação, penso: “Ah se o fulano estivesse aqui ele diria isso. Se o siclaninho estivesse aqui, também, diria aquilo...” Quando se convive muito tempo com alguém ou pessoas que se goste, parece que uma identidade entre elas se forma. Olhares, gestos. Pra que palavras?
Fala um pouquinho aqui. Lembra de uma história ali. A saudade é assim. Começa devagar. Nem se percebe. Quando vê, a nostalgia se alastrou. Revê-los num sábado no aniversário de um deles foi quase o mesmo que rever a família. Não precisamos dizer que nos amamos o tempo todo. Está subentendido nos abraços e até nas piadas internas. “Pega o violão, vamos cantar.” “Los hermanos?” Apesar de meses um tanto afastados, nossa amizade continua sendo como um universo mesmo. Continua a se expandir a cada dia. Novas descobertas são feitas. Mudamos juntos. E como disse no discurso da colação, hoje não é a Ingrid que vos fala, mas sim a Ingrid, a Anna, o Marcos, o Pedrinho, o Ricardo, o Leon, o Michel... Sem contar os professores. Os amigos mais velhos. As aves que planam tão lindas no céu e nos inspiram a voar tão alto quanto elas. Uns se esforçavam pra que acreditássemos na nossa glória. Outros na nossa desgraça. Todos admiráveis. Dignos de serem lembrados.
É, eu sei. Está super nostálgico esse texto. Mas a nostalgia é a maior inspiradora do meu mundo das idéias. Esses tempos ficaram pra sempre na minha memória. Tempos de alegrias, tristezas, desesperos, gargalhadas de bar e, claro, aprendizado.