domingo, 10 de maio de 2009

Brilho eterno de uma mente COM lembranças...




Essa semana, finalmente, assisti o filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”. Pra quem gosta do Jim Carrey além de suas caras e bocas de “Ace Ventura”, eu recomendo. Não vou estragar o prazer de ninguém contando o final, mas colocarei a sinopse só pra ninguém ficar perdido no que eu vim falar.

Sinopse: Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) formavam um casal que durante anos tentaram fazer com que o relacionamento entre ambos desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Após saber de sua atitude Joel entra em depressão, frustrado por ainda estar apaixonado por alguém que quer esquecê-lo. Decidido a superar a questão, Joel também se submete ao tratamento experimental. Porém ele acaba desistindo de tentar esquecê-la e começa a encaixar Clementine em momentos de sua memória os quais ela não participa.
(tirado do site www.cinemacomrapadura.com.br)

Isso me lembrou a noticia que falava de cientistas que apagaram a memória de roedores traumatizados, ou seja, eles estão estudando formas para apagar traumas na memória primeiro de roedores e depois testar nos seres humanos, mas ainda não sabem se isso pode afetar o cérebro.

É claro, lógico e evidente que a minha imaginação que é, ironicamente falando, pouco fértil, começou a funcionar e assim imaginar um mundo em que pudéssemos apagar da memória tudo o que quiséssemos sem se importar com as questões éticas e morais -Tem coisa que a gente esquece mesmo sem experiência cientifica, como por exemplo: comprar o presente do dia das mães. Iniciei por mim mesma obviamente, fazendo uma lista de coisas que seriam interessantes esquecer: brigas, equívocos, esporros, micos, e até mesmo todas as vezes que me chamaram de cabeça dura (!) um tanto infantil, diria, mas na ignorância todos somos infantis.

Depois passei para os traumas das pessoas que perderam seus entes queridos, grandes amores que terminaram, filhos que perderam suas mães (esses talvez usariam no dia de hoje), seus pais e até mesmo as monstruosas guerras e doenças que atingiram a toda humanidade. Traumas. O que pra alguns pode não parecer nada, pra outros são verdadeiras torturas psicológicas de acordo com suas verdades e quem sabe apagá-las da memória seria uma boa solução?

O filme ia e vinha na minha mente o tempo todo. É assim que vejo quando alguma coisa foi legal de verdade pra mim: quando gosto de relembrar. Todos os momentos felizes que Joel passa com Clementine vão se apagando. Tudo para esquecer um relacionamento que não deu certo. Ta ai. Todos os momentos felizes apagados em função de algo ruim que aconteceu. Vale a pena? Será que vale esquecer todos os bons momentos com alguém só pra esquecer os ruins? E o que determina ruim? O que determina sofrimento? Qual a função da dor? Sabe, se eu esquecesse todas as vezes que me criticaram, que me chamaram de cabeça dura, dos esporros que tomei, dos meus traumas em geral, talvez eu nunca amadureceria talvez eu nunca refletiria no que é necessário pra que eu me torne uma pessoa melhor e talvez eu novamente cometesse os mesmos erros, tomasse os mesmos esporros, e criasse os mesmos problemas. Não paramos de pensar em momento algum. As idéias se renovam sem ao menos percebermos e quando nos damos conta entendemos que foi bom passar por certas dores. O progresso é inevitável. Esquecer os traumas seria também esquecer o aprendizado e a oportunidade de crescer moralmente.

Mas é claro que nem todo mundo pensa assim e provavelmente haveriam desmemoriados sempre. Não obrigo a ninguém a pensar desse jeito. Cada um tem a sua dor e cada um sabe da necessidade, ou não, de passar por ela. Acredito que esquecer tudo de ruim que já nos aconteceu não é tão válido quanto pensar no porque aquilo foi ruim pra nós. A dor é como a febre que nos alerta que algo em nós está errado e que precisamos mudar. Tomar a vacina. Criar anticorpos. Talvez a felicidade não seja a ausência de traumas ou problemas, mas sim a habilidade de lidar com eles. A dor pode existir, mas o sofrimento depende de cada um. Pra mim não é fácil ter um pensamento otimista de imediato quando passo por uma situação ruim. Sou imediatista. Mas é começando a refletir e filosofar na teoria que a gente tenta colocar na prática.

Espero não ter ofendido, nem desrespeitado o trauma e o psique de ninguém. Não é preciso concordar. Só trocar.
“ A mente que se abre a uma nova idéia jamais retorna ao seu tamanho original.” (Albert Einstein)

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Vc posta as coisas mais enormes do mundo e eu nem fico com preguiça de ler, de tão boa que és.
    Praticamente uma Martha Medeiros.
    Eu nunca consigo ver esse filme, já tentei várias vezes, mas sempre me irrito e tiro do canal, em sei lá, 3 minutos dele.
    Vou assistir direito qualquer dia desses, só pra vir aqui contestar. Ou não.
    Beijos, manda um feliz dia das mães pra Ellen, por mim!

    ResponderExcluir
  3. Muito bom, tava precisando ler sobre isso mesmo..
    Esqueci de comentar antes: o nome do blog...

    ta perfeito.

    ótimo desenvolvimento, assim como a conclusão.

    ResponderExcluir
  4. Texto perfeito,maduro e bom de se ler. Lembra muito os melhores da Martha Medeiros. Por falar nela recomendo você levar a sua mãe para ver "Divã". E´um filme sensacional e sei que tanto você quanto ela irão apreciar muito.

    ResponderExcluir

Powered By Blogger